2018,  Textos

Quando eu não quero mais nós, (nós)

Eu não preciso provar nada para ninguém, por mais que muitas vezes eu quisesse apenas dizer tudo o que eu sinto, e colocar para fora, a outra grande frase (tudo acontece da forma que tem que acontecer) e (não importa); o segredo é a gente não se deixar depender de ninguém.

Eu quero que você seja feliz,

Eu percebo, eu juro. A mentira vai ser sua, o erro vai ser seu, você que vai ter que lidar com suas dores, seus fantasmas, eu não quero mais sofrimento para mim, eu não quero ter que aprender da pior forma, ter que encarar, ter que ver, ter que lidar com meus pesadelos reais e vívidos (vividos) na minha frente, é possível eu fugir disso? Porque eu sei que não posso dizer que isso não vai me atingir, e não importa o quanto eu esteja preparada, não importa o tanto que eu alimente a ideia de que Deus apenas te entrega aquilo que você sabe suportar.

Mas eu também quero parar de ver, eu quero parar de encontrar esse fantasma no meu cangote, eu quero poder passar por cima disso, e que nada disso assuma uma proporção muito mais importante do que realmente é, eu sei que eu procuro respostas em histórias reais de outras pessoas, preciso que outras pessoas tenham passado pelo mesmo que eu para poder aceitar.

Por que eu não consigo aceitar e perdoar?

Sendo que o erro nem de todo é meu, eu fiz tudo o que eu podia, eu dei o melhor de mim. Eu sei que grande parte disso também é culpa minha, eu acabo atraindo todas essas coisas, eu já atraí isso de certa forma.

Eu só quero ficar bem, ultrapassar tudo isso. Eu quero que minha verdade seja única e forte, acima de tudo. Eu sei que isso não desmerece a gente, amor, não desmerece o teu amor, o nosso amor. Mas por que você tem que errar tanto? Mentir? Cair? Se deixar entregar? Se deixar perder?

E por que eu tenho essas sensações, por que eu tenho essas imaginações, intuições, essas jaulas, porque eu sofro com essas antecedências?

Quando eu não quero mais você, quando eu não quero mais nós, (nós), quando eu vou te tirando de mim, quando você foi me perdendo.

Será apenas ciúmes, egoísmo? Como justificar?

É apenas algo para remoer como pensamento de alguém que não consegue fugir de seus próprios pensamentos?

Será que algum dia eu vou superar isso? o que eu preciso dizer pra mim mesma? Que poderia ser pior? Que eu sempre soube? Eu tenho que aceitar o meu poder? Minha intuição? Eu não preciso estar certa.

Eu tenho pena, eu tenho vergonha, eu quero aprender a perdoar. A me perdoar.

Mas se a gente parou tudo porque havia sofrimento, então por que eu ainda sofro?

Eu queria ser maior e mais forte do que tudo isso, eu não queria que tudo isso jamais diminuísse quem eu sou, e quem eu fui. Por favor, tem como eu ser justa comigo mesma? Tem como eu aceitar? Eu sei que estou especulando, eu sei que estou exagerando, eu sei que estou alimentando coisas sem certezas, sem provas, eu sei que estou vendo coisas, eu sei que eu já errei em outras predições.

Mas então, por que?

É tão ruim assim? As pessoas precisavam viver todas as histórias para que eu as aceitasse? Todas essas histórias precisavam existir? Eu preciso escrever essa história então?

Eu não quero que seja minha sina, eu sei que tudo poderia ser pior, mas será que estou sempre destinada a esses fracassos?

Aceita, aceita. Aceita.

Eu quero parar de me preparar, sofrer por antecipação. Eu não queria perder as únicas garantias do que eu tenho, mas isso não me faz perder, não é?

Eu sofria tanto, eu sofria sempre. Eu quero parar de sofrer.

Insistir só machuca, por mais que você adie ao máximo, e tente se convencer do contrário, e forçar a mudança, que nem sempre funciona, nem pra sempre.

Quando isso vai parar de machucar? Porque é desde o começo, essa mesma ferida, até quando não era pra ser.

E foi você que errou, foi você que mentiu, foi você que disse todas aquelas coisas, foi você que prometeu, foi você que falou de maldição, de ser usado. Foi o que você falou para mim.

Eu quero me perdoar, eu quero te perdoar. Eu quero passar por cima de tudo isso.

Eu só quero pensar, que não importa.

Porque na verdade, não importa

Tudo isso é tão pequeno, frente a imensidão do universo.

Frente a verdade única de cada dia.

Mas o que eu realmente sei? Isso que vocês falam que eu sei? O que eu sei?

Eu quero aceitar.

O que importa é que foi de verdade, eu fui amada, mesmo que tenha sempre andado desconfiada, machucada, medrosa. Mesmo e apesar de tudo isso.

Mesmo com você me machucando, com você errando, com você falhando, com você caindo, com você seguindo sua vida de qualquer jeito, do seu jeito, mesmo com você não sendo o que eu queria e precisasse que você fosse.

Pelas limitações, pelas diferenças, pelo o que não era pra ser.

E você mesmo me comprovou, mais de mil vezes.

E eu só consigo controlar eu mesma e as minhas próprias ações, tudo e somente o que se diz respeito a mim. Eu não posso fazer nada por você.

A gente vai sobreviver com tudo o que sabemos, com o que vamos descobrir, com as coisas que mudam e com o que jamais vai mudar.

A gente vai sobreviver com o infinito.

Com o infinito e a verdade de cada instante.

Isadora Mello (2018)

Créditos da Imagem: Weheartit

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

cinco × cinco =