2018,  Textos

Às vezes

Às vezes acordo muito segura da minha felicidade, outras vezes só quero desmoronar.

Às vezes te espero e te aceitaria de volta, outras vezes te quero, mas jamais poderia ficar contigo de novo,

outras vezes não quero jamais te ver, outras vezes desejo nem ter te conhecido.

Fico pensando nas músicas que eu preciso compor porque elas não existem, descubro, até nas músicas que eu já conhecia, a nossa história registrada. Como eu não havia percebido isso antes?

Às vezes vejo você como uma passagem, algo destinado ao fracasso e que nunca deu realmente certo, desde o começo.

Às vezes creio que estamos na metade de nossa história, que somos sobre retornos e que você sempre será o amor da minha vida.

Muitas vezes queria saber como você está se sentindo sobre isso, se sequer pensa no que aconteceu, se sente minha falta, se sente arrependimento, se sente pena de mim, se você se sente um pouco como eu mesma me sinto, alguém que sabe de tudo, alguém que não sabe nada, alguém que simplesmente muda.

Algumas vezes imagino que você se tocou que nunca me amou de verdade mesmo, e eu te perdoo por isso, porque eu mesma também passo por pensar nisso.

Às vezes não sei se tivemos azar, se sofremos consequências de uma emboscada ou de uma manipulação, se nossa história era mesmo para ter sido algo triste assim, como algumas histórias de amor o são.

Não sei se somos sortudos por termos nos libertado, por termos no mínimo nos esbarrado pelo caminho.

Às vezes não queria encontrar respostas para minhas dúvidas, as vezes não consigo dormir até que tudo seja lógico e esteja clareado.

Várias vezes imagino nossos diálogos, nossas realidades alternativas, às vezes vejo os sonhos que tínhamos juntos num campo muito semelhante ao real, às vezes revejo nossos melhores momentos como um filme de lembranças e saudades, outras vezes apenas vejo o que de mais feio entre nós existiu e torço para jamais ter que passar por isso de novo.

Às vezes não entendo como não terminamos antes, às vezes não compreendo porque sequer terminamos.

Às vezes não te reconheço, você vira um estranho, um desconhecido, um vilão , vejo que eu mudei, às vezes concluo que você jamais me entendeu de verdade e que eu nunca consegui te compreender também.

Às vezes sinto sua falta, às vezes so queria que você sentisse a minha falta, às vezes penso que foi melhor assim, para os dois.

Diversas vezes penso que o que eu achava ruim e que me deixavam triste não eram nada demais, consigo perceber todos os momentos que exagerei e que deixei minha paranoia dominar, às vezes não consigo entender como suportei todas suas falhas e seu descaso, como aguentei tudo isso por tanto tempo.

Às vezes eu sei tudo o que eu quero da próxima pessoa com quem eu for me relacionar, às vezes eu vejo que quero dela exatamente tudo o que difere de você, do que você não conseguia ser para mim, de tudo que eu preciso em alguém, mas às vezes eu não sei lidar com essa ideia de ser qualquer pessoa que não seja você.

Às vezes tenho medo que você encontre alguém que você ame mais do que me amou,

Porém todas as vezes,

tenho medo de não conseguir nunca mais amar alguém como amei você.

 

 

Isadora Mello, 2018

Créditos da Imagem: Wehearit

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