2019,  Textos

Fardo

Desculpa, por eu não conseguir. Me perdoa. Eu sinto sua pressão em minha orelha, você bate pedindo passagem como se meu tímpano fosse uma porta. Eu sinto o mais sensível do meu ser. Em ouvir meus batimentos cardíacos, sentir a falta de ar e cada osso em escada das minhas costas. E ainda assim, me faltam palavras. Por mais que você precise da minha voz, e eu não te ouça, o medo me segura. Me aprisiona. O poder é assombroso.

Eu queria saber o que fazer. Por onde ir, por onde começar. Não admito já estar no meio do caminho quando sempre me enxergo em um ciclo.

Ciclos não tem nem inícios e nem meios. E ainda me sinto como metade, mesmo que com menos medo de ficar sozinha. Se o mundo não estiver tentando se comunicar comigo, e eu estar extrapolando em ultrapassar um limite inexistente, eu não sei o que será da minha vida.

Eu vivo por isso, por essa mensagem, pelas minhas camadas de pensamentos e conversas comigo mesma. Das coisas que penso mas jamais escrevi. Do que me sai ao papel antes que eu possa ler em minha mente. Sobre a força e a vontade grandiosas jamais alcançadas, ou saciadas. Me vejo em constante e profunda confusão.

Agora eu fui eu mesma.

Apesar de tentar criar personagens e histórias, eu quero finalmente cortar e contestar meu fardo. Me libertar, contornar. Suprimir.

Essa é a vez que saio. Que não me submeto e nem mais sucumbo.

Finalmente romperei o fardo, tenho medo, eu sei. Eu peço. Eu peço para parar mas me escapa o controle.

No medo sou meu instinto.

No meu medo.

Tenho medo de mim

Do que penso. Do que peco. Do que peço.

Eu pediria para você me apontar o caminho, me falar o que fazer

Mas hoje sinto que essas resposta estão em mim.

Então finalmente, e por enquanto.

Não sei o que me falta

Talvez finalmente

Não me falte nada.

 

Por: Isadora Mello, 2019

Créditos da Imagem: Weheartit

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × 1 =