Mente, Ira, Mentira
Algo que tenho plena consciência, é de que eu costumava ser mais maliciosa.
A crueldade sempre teve uma face para mim, uma face minha, aliás.
Quando a imagino, já me vejo sentada em um poltrona oval, acolchoada de camurça, vejo minhas pernas cruzadas, lábios bem vermelhos e os meus olhos não aparecem..
Geralmente meu corpo está curvado, com os ombros um pouco jogados para frente. Consigo ver a curva dos meus lábios em um sorriso irônico, os dentes a mostra como se eu rugisse baixinho.
Essa é a imagem da minha maldade,
linda, intrigante, sensual, misteriosa, com seus véus de viúva ou máscara de renda preta,
tenho vontade de encará-la por inteiro,
decifrá-la,
mesmo ela sendo
eu.
Ela fala tudo o que eu penso e não digo, tudo o que eu desejo e escondo.
Tudo o que eu quero ser mas não consigo.
Ela não tem medo, não tem fraqueza.
Ela é decidida, irreverente, ativa e intrigante.
Suas palavras são sussurros e ela parece ronronar.
Ela é o que quer, o que é. Seu único defeito é não ser tão forte e se propagar por inteiro, do jeito que eu precisaria.
Mas ela como minha mente,
zomba,
ela ri de você.
Isadora Mello, 2011
Créditos da Imagem: Weheartit