Em sentido, sem sentido
O que aconteceu foi que, eu me extraviei da direção, e a loucura foi o torpor do caminho que conheci, no recém do pedido, a prece, na coincidência do amor perdido, e das lágrimas daquele sentido inverso. É o vento denso nas encostas de cada colina, e sem neve ou resquício de grama, meus sonhos se enterraram em tocas e no fundo do poço (sem moedas).
Meus desejos não passaram de ingenuidade, promessas perdidas em sua inconsciência de sonho, à procura da origem de todos os pensamentos internos, em “unitilidades”, inutilidades alheias e esperanças francas, a tocha incandescente aproxima-se das nuvens e toca o balão, e no estouro da bolha de calor, o sol é a pedra desfalecida na terra dos silenciosos.
Na aguardente das palavras misturadas a hipocrisia é o veneno, e a mentira, a língua da serpente. Num mundo de lunáticos a terra deveria mudar de nome, nem mundo, meu ataque cardíaco, e minha lavagem cerebral, condensam-se sob a pinta de meu lábio superior e nos meus dedos, não mudo.
Eu queria que o velho lesse minhas escritas, pois eu quero sempre e mais, encontrar o caminho do caminho, nessa ironia de caminho ter o mesmo significado de direção, mas não levar ao mesmo lugar, e levarem a lugar nenhum,
em sentido, sem sentido.
Isadora Mello (2013)
Créditos da Imagem: Obra – “Relatividade” de Maurits Escher