(A)manh(ã)
Eu não tenho mais as questões que antes eu tinha, hoje mesmo, tão cedo, de manhã
O que me perturbou, não me incomoda mais
Mas por que essas coisas sempre voltam? Porque me assombram? Por que me rodeiam?
Porque depois de tudo que disse e digo, eu ainda tenho tanto a falar ou a pensar?
O que acontece comigo para ser tão suscetível e tão escrava desses míseros e efêmeros pensamentos,
Por que eles determinam quem eu sou?
O que eu realmente preciso saber, e como, e por que, e qual diferença faz?
Talvez realmente não tenham importância, mas eu sinto essa necessidade de saber, e de entender
Por que algo parece errado? Até quando tudo parece resolvido?
Eu queria algo de você
Eu queria coisas especificas de você
E mesmo se eu conseguir pensar no que eu vou dizer, e na ordem que vou escolher para proferir essas palavras, e da maneira e tudo que devo lembrar para abordar, para que não reste nenhuma dúvida, será que finalmente estarei limpa e livre?
Será que eu que fiz essa gota de água virar um oceano, uma tempestade?
Aumentei proporções que não mereciam,
Extensões que não deveriam.
Terem tomado mais tempo e mais espaço do que já tomaram
Que não pertencem aqui
E o que eu sei?
E o que eu deixei de saber?
Porque continuo neste círculo, me martirizando, por tudo, por todos,
Sempre procurando algo para me perseguir, algo para tirar minha paz.
Tem como demolir tudo e reconstruir do zero?
Aquele medo das coisas que escrevo
Porque ao mesmo tempo que me libertam,
Me obrigam a lembrar,
Então eu devo escrever sobre isso ou deixar passar?
De repente, eu assumo a feição de todos eles,
E sumo.
Isadora Mello, 2018
Créditos da Imagem: Weheartit